Discentes

Pesquisas sob orientação do Prof. Dr. Ivo da Costa do Rosário

Maria Luiza Guimarães da Costa Cruz (Mestrado)

Título: Análise funcional das construções agentivas da passiva.

 Descrição: O presente trabalho tem por objetivo investigar as construções agentivas da passiva no período composto à luz da Linguística Funcional Centrada no Uso (LFCU). Não aceita pela NGB e não contemplada por todos os gramáticos, é evidente a lacuna que existe no tratamento da oração subordinada com função de agente da passiva. Os poucos gramáticos que classificam essas orações divergem em suas classificações, enquadram-nas como substantivas “propriamente ditas”, substantivas derivadas de adjetivas ou até adverbiais. Nossos primeiros esforços foram concentrados na busca de uma classificação suficiente para a subordinada, entretanto, como nos indica nossa própria corrente teórica, é necessário analisar a construção, que é o pareamento entre forma e sentido, em seu aspecto global. Assim, passamos a investigar os padrões encontrados das construções agentivas da passiva. Os dois padrões: Padrão 1 (X + Vparticipial por + Yoracional) e Padrão 2 (X + Vcópula Vparticipial por+ Yoracional) nos proporcionam observar os contextos em que essas construções emergem, sua complexidade cognitiva e a simbiose entre a pressão cognitiva e a pressão discursiva. As construções agentivas da passiva permitem investigar, também, a natureza do particípio e da mudança entre o particípio nominal e verbal. Mudança significativa que altera os resultados de muitas análises.


 Brenda da Silva Souza (Mestrado)

 Título: Construções correlatas aditivas nos séculos XVI, XVII e XVIII sob a perspectiva da Linguística Funcional Centrada no Uso

 Descrição: Esta pesquisa objetiva analisar as construções correlatas aditivas nos séculos XVI, XVII e XVIII a partir dos referenciais teóricos oferecidos pela Linguística Funcional Centrada no Uso (LFCU). De acordo com a LFCU, a língua é concebida como uma rede de pares convencionalizados entre forma e significado (TRAUGOTT E TROUSDALE, 2013, p.1), e a gramática não é vista como uma estrutura rígida, mas maleável, “que está num contínuo refazer-se” (FURTADO DA CUNHA; COSTA; CEZARIO, 2015, p. 42) e, por isso, está sempre sujeita a mudanças e inovações decorrentes do uso. Nesse ínterim, contrariando a abordagem teórica mais tradicional, que geralmente elenca somente a coordenação e a subordinação como processos de estruturação de cláusulas, defendemos a hipótese de que a correlação aditiva muito se difere da coordenação aditiva, conforme resultados já evidenciados em Rosário (2012) e Gervasio (2016) e, por isso, merece ser analisada de forma autônoma. Em nossa metodologia, que possui caráter não só teórico, mas também empírico, orientamos nossas análises a partir de dados recolhidos de corpora de modalidade escrita, considerando as variedades do português brasileiro e europeu. Além disso, associamos o viés quantitativo ao qualitativo e consideramos fatores intra e extralinguísticos. Em suma, intencionamos com esta pesquisa cooperar na elaboração de um quadro completo da descrição da construção correlata aditiva na língua portuguesa, a partir dos estudos funcionalistas.


 Idrissa Ribeiro Novo (Doutorado)

 Título: Construções instanciadas por EM VEZ DE e AO INVÉS DE: uma análise centrada no uso

 Descrição: À luz da Linguística Funcional Centrada no Uso (TRAUGOUTT; TROUSDALE, 2013), o trabalho em curso trata das construções oracionais substitutivas instanciadas pelos conectores em vez de, ao invés de, em lugar de e ao contrário de. Em uma abordagem pancrônica, busca-se descrever as principais propriedades morfossintáticas e semântico-pragmáticas tanto das construções conectoras acima listadas, quanto das construções oracionais de maneira mais ampla. A pesquisa também objetiva compreender de que modo a metáfora conceitual espaço-tempo (LAKOFF e JOHNSON, 2003) associa-se à noção de substituição atrelada a essas construções. As análises preliminares, com base em dados do século XXI, coletados no Corpus do Português, evidenciam a existência de três valores semântico-pragmáticos que emergem do uso dos conectores estudados – ‘substituição pura’, preferência e comparação contrastiva –, funções estas atreladas à noção mais geral e básica da substituição (ROSÁRIO; NOVO, no prelo).


 Jovana Maurício Acosta (Doutorado)

 Título: Análise pancrônica das construções correlatas disjuntivas

 Descrição: Este trabalho tem como objetivo observar os padrões de uso das construções correlatas disjuntivas à luz da Linguística Funcional Centrada no Uso (LFCU), tanto sincrônica quanto diacronicamente. A análise será pautada em construções como a seguinte: A Corte residia, ora em Queluz, ora em Mafra, e Bemfica era ponto forçado de descanso para os cortesãos , ou na sua ida para o Paço, ou no seu regresso. Recordo-me de ter visto à mesa em minha casa, em dias de beija-mão , além dos muitos parentes, algumas das celebridades da época e que depois representaram papéis distintos , como o Cardeal Callepi, Monsenhor Macchi, depois Cardeal, e de quem recebemos sempre as mais distintas provas de amizade. Alguns autores como Melo (1978), Módolo (2011), Castilho (2004) e Rosário (2012) propõem que estruturas instanciadas por conectores descontínuos sejam apresentadas como correlatas, e não como coordenadas ou subordinadas. Pretende-se analisar o comportamento semântico e sintático que envolve esse tipo de construção dentro do quadro da correlação, demonstrando que a construção correlata disjuntiva é uma construção diferente da construção coordenada. Objetiva-se também, traçar a rota de mudança construcional das correlatas disjuntivas em uso no português. Para tal análise, o corpus sincrônico escrito utilizado é composto por textos retirados de versões eletrônicas da Revista Veja (http://www.veja.abril.com.br). Já o corpus escrito diacrônico foi retirado de textos do CIPM (Corpus Informatizado do Português medieval) e do projeto Tycho Brache.


 Letícia Martins Monteiro de Barros (Doutorado)

 Título: Multifuncionalidade do NEM no português brasileiro contemporâneo sob a perspectiva da Linguística Funcional

Descrição: Sob a perspectiva da Linguística Funcional Centrada no Uso, tendo como base a noção de construção como unidade básica da língua, conceito preconizado pela Gramática de Construções (GOLDBERG, 1995, 2006), esta pesquisa tem como objetivo geral analisar sincronicamente o pareamento forma-função da construção correlata comparativa apositiva (CCCA), com base em dados reais de uso linguístico. Segundo a abordagem teórica adotada para este estudo, a língua é vista como uma rede de construções que se encontram interconectadas e que se organizam de forma hierárquica (TRAUGOTT & TROUSDALE, 2003), possibilitando a formação de esquemas com base nas experiências discursivas adquiridas em diversas ocasiões de interação sociocomunicativa. Pretende-se, dentro dessa perspectiva, propor uma descrição aprofundada da CCCA que considere todas as suas propriedades componentes, tanto no que diz respeito à sua estrutura quanto à sua funcionalidade semântica e discursiva. Para alcançar os objetivos estabelecidos, contar-se-á com uma metodologia mista de análise, ou seja, concomitantemente quantitativa e qualitativa, baseada em dados da língua real escrita retirados do banco Corpus do Português. Este trabalho parte da hipótese de que a CCCA é uma estrutura híbrida bastante produtiva na língua portuguesa, presente em contextos discursivos diversos e ligada a fins retóricos, visando à argumentação ou à clareza da comunicação. 


 Thaís Pedretti L. M. Fernandes (Doutorado)

 Título: Correlação proporcional sob a perspectiva da Linguística Funcional Centrada no Uso.

 Descrição: A pesquisa tem como objetivo examinar os usos das construções correlatas proporcionais com base nos pressupostos teóricos da Linguística Funcional Centrada no Uso.  Esta corrente teórica analisa a língua em pleno uso e visa a uma abordagem holística, em que nenhum nível linguístico é proeminente em relação aos demais. Toma-se o conceito de construção no sentido estabelecido por Traugott e Trousdale (2013), ou seja, como uma unidade básica da língua, composta por um pareamento de forma e sentido. As construções proporcionais são analisadas em seus dois padrões instanciados: o primeiro é constituído pelas expressões conectoras à medida que e à proporção que, e o segundo é instituído pelos correlatores quanto mais/menos… (tanto) mais/menos. Os dados são extraídos do Corpus do Português, disponível em www.corpusdoportugues.org/. Defende-se que as construções em ambos os padrões constituem estruturas correlatas em língua portuguesa. Contudo, em razão do comportamento sintático distinto, os chamados Padrão I e Padrão II recebem tratamentos particulares. No primeiro, lança-se mão do critério da telicidade para firmar a conexão sintática entre prótase e apódose. No segundo, evidencia-se a alta produtividade do padrão. Com isso, objetiva-se estabelecer, a partir da visão funcional da língua, a hierarquia construcional das correlatas proporcionais, baseada em diferentes níveis de abstração. 


 Pesquisas sob orientação da Profa. Dra. Mariangela Rios de Oliveira


 Vanessa Barbosa de Paula (Doutorado)

Título: A Construcionalização gramatical de [PARA LÁ DE XADJ]GI: uma análise baseada no uso

Descrição: Nossa pesquisa volta-se para o processo de construcionalização gramatical e assume como objeto de estudo a construção “Para lá de X”, desempenhando a função de grau intensificador, em instanciações como: Lenine apresenta um show para de especial nos dias 8 e 9 de novembro, em Salvador.[1] Nosso objetivo é investigar a rota de construcionalização da construção em foco. Interessa-nos analisar as propriedades construcionais de “Para lá de X”, os micropassos da mudança, as possíveis relações de herança (CROFT, 2003) entre a construção “Para lá de X” intensificadora, de sentido procedural, e os usos mais referenciais da mesma, na indicação de espaço e tempo (Ele mora para lá de Niterói /Chegou para lá de 11h), bem como a ideia da conceitualização de grau a partir de transferências metafóricas, especialmente, a ancoragem concreta da localização aplicada ao conceito intensificador. O corpus final da pesquisa será constituído por textos escritos do século XII até a sincronia contemporânea (séculos XX e XXI), do Corpus do Português, disponível em www.corpusdoportugues.org.

 [1]  Disponível em: www.corpusdoportugues.org/web-dial –http://www.bahianoticias.com.br/cultura/ . Acesso em agosto/2017.


 Vania Rosana Mattos Sambrana (Doutorado)

 Título: A construção marcadora discursiva perceptivo-visual ([Vpv(x)md]): mudança linguística e fatores de análise em uma abordagem construcional

 Descrição:  O presente trabalho parte de uma pesquisa apresentada em Sambrana (2017) sobre o padrão construcional dos marcadores discursivos de base verbal perceptivo-visual. Ao partirmos da premissa de que a unidade básica da língua é uma construção, um pareamento convencional de forma-função, sustentamos a hipótese de que a língua é um inventário gradiente dessas construções. Assim, a continuação da pesquisa prevê demonstrar que as estruturas da língua emergem do discurso e nele são moldadas. Com foco no inventário dos marcadores discursivos de base verbal olhar e ver, objetivamos levantar, descrever e analisar os contextos de uso a fim de traçarmos intersecções de cunho cognitivo, fonológico, morfossintático, semântico, discursivo e pragmático que demonstrem a mudança linguística ocorrida para a formação da nova categoria. Para tal objetivo, nosso aporte teórico baseia-se na Linguística Funcional Centrada no Uso (MARTELOTA, 2011; BISPO, FURTADO DA CUNHA e SILVA, 2013; OLIVEIRA e ROSÁRIO, 2015) com ênfase na Gramática de Construção (GOLDBERG, 1995, 2006; CROFT, 2001; TRAUGOTT, 2008; BYBEE, 2010, 2015; TRAUGOTT e TROUSDALE, 2013). Resultados preliminares demonstram que os usos dos marcadores discursivos como olha, olha lá, olhe lá, olha aqui, vê lá, veja só e vejam bem, entre outros, estão associados por uma rede hipotética e virtual, ora compartilhando funções morfossintáticas e discursivo-pragmáticas ora afastando-se em uma dinâmica estabelecida pelos falantes para cumprir objetivos comunicativos. Postulamos que um desses objetivos é a regulação da interação on-line através da manipulação do espaço atencional.


 Luciana Andrade de Souza (Mestrado – FFP/UERJ)

 Título: Graus de vinculação semântico-sintático de olha aí, olha aqui olha lá  no Português Brasileiro

 Descrição:  Fundamentada nos pressupostos da Linguística Funcional Centrada no Uso (LFCU), a presente pesquisa objetiva dar continuidade ao trabalho monográfico que investigou os usos polissêmicos de olha na sincronia atual – resultado de processo de mudança linguística. Propomos levantar, no português brasileiro contemporâneo, os tipos de contexto, nos termos de Diewald (2002; 2006), em que  são instanciados a forma verbal “olha” e um dos pronomes locativos “aí”, “aqui”, “lá”, detectando seus crescentes níveis de vinculação, que culminam  na construção marcadora discursiva [olha Loc]MD. Para o estudo dessa construção, analisaremos amostras de textos do corpus NURC / RJ – Projeto da Norma Urbana Oral Culta do Rio de Janeiro, que distribui seu banco de dados em três tipos de texto – elocução formal, diálogos entre informante e documentador e diálogos entre dois informantes. A partir dos textos do corpus, levantaremos e descreveremos interpretativamente instâncias de uso dos três esquemas em análise, com foco na função marcadora discursiva (MD), nível de maior vinculação semântico-sintática das subpartes envolvidas, configurando construcionalização na língua.


 Christian Matias do Nascimento Correa (IC)

 Título:  OS AFIXÓIDES ESPACIAIS AÍ E LÁ EM CONSTRUÇÕES DO PB CONTEMPORÂNEO: CORRESPONDÊNCIAS E DISTINÇÕES

 Descrição: A presente pesquisa tem como objetivo o levantamento, a descrição e a análise interpretativa dos afixóides espaciais aí e lá em construções do PB contemporâneo. À luz da Linguística Funcional Centrada no Uso (TRAUGOTT, TROUSDALE: 2013; BYBEE: 2010; 2015), investigamos como propriedades funcionais e formais concorrem para esses constituintes sejam recrutados para a formação de novas construções, concebidas como pareamentos de forma e sentido, nos termos de Goldberg (1995; 2006). Para isso, analisamos a derivação objetividade > subjetividade > intersubjetividade, bem como mecanismos de neoanálise e analogização na formação de novos chunkings. Adotamos neste projeto viés quantitativo e qualitativo, com foco tanto nos ambientes pragmático-discursivos motivadores em que os constructos estudados são instanciados, quanto nas propriedades de sentido e forma de suas subpartes – os afixóides espaciais – na instauração do elo simbólico de correspondência interno. Atentamos para aos índices de frequência, bem como para os níveis de esquematicidade, produtividade, composicionalidade e analisabilidade das construções.


 Pesquisas sob orientação do Prof. Dr. Monclar Guimarães Lopes


 Samara Costa Moura (Mestrado)

 Título: Construções comparativo-hipotéticas introduzidas por COMO SE sob perspectiva funcional

 Descrição:  Seguindo os pressupostos teóricos da Linguística Funcional Centrada no Uso (LFCU), mais especificamente no que se refere à abordagem construcional da mudança proposta por Traugott e Trousdale (2013), esta dissertação tem por objetivo geral apresentar os resultados da análise da construção “[como] se não bastasse” empiricamente atestada na sincronia atual. De acordo com essa abordagem, a língua é uma rede de construções organizadas hierarquicamente (TRAUGOTT e TROUSDALE, 2013), cuja unidade básica é a construção, identificada pelo pareamento forma-função (GOLDBERG, 2016). Propõe-se, para tanto, a investigação do objeto em estudo sob o viés da Linguística Funcional Centrada no Uso com o propósito de descrever tanto as propriedades da forma (fonológicas e morfossintáticas) como também as do significado (semânticas, pragmáticas e discursivo-funcionais). Partindo, portanto, desse princípio, a construção “[como] se não bastasse” é analisada em padrões: no primeiro, os componentes da construção estão mais vinculados e a construção tem função [- conectora] e, no segundo padrão, as partes da construção estão menos vinculadas e a construção tem função [+ conectora]. Essa análise pauta-se na metodologia qualitativa e quantitativa dos dados, tomando como base um corpus sincrônico, composto pela modalidade escrita do Português Brasileiro (PB), como mostram os dados extraídos da Interface nova do Corpus do Português, disponível em http://www.corpusdoportugues.org/hist-gen/2008/x.asp. Os resultados demonstram que há dois padrões construcionais de “[como] se não bastasse”. A construção, no Padrão I, vincula porções textuais no nível da sentença, enquanto que, no Padrão II, a construção encapsula o período e, até mesmo, o parágrafo anterior a ela, caracterizando função mais anafórica, por isso a consideramos um conector discursivo. A construção, nos dois padrões, é intersubjetiva e materializa, linguisticamente, a noção de adição. Devido ao alto grau intersubjetivo da construção, em ambos os padrões, atestamos também as posturas epistêmicas positiva, neutra e negativa.


 Mara Machado (Mestrado)

 Título: O papel dos adverbiais na expressão do aspecto durativo: uma abordagem centrada no uso

 DescriçãoEste trabalho tem como objetivo descrever o aspecto imperfectivo cursivo, em sintagmas adverbiais, a partir de três subtipos deste aspecto: menos durativo, gradual, mais durativo. O sintagma preposicional com valor adverbial por alguns instantes apresenta-se como representante do subtipo menos durativo, apresentamos os advérbios progressivamente e gradualmente como referência para o subtipo gradual, e abordamos o subtipo mais durativo a partir de verbos no pretérito imperfeito. Utilizamos como referencial teórico a Linguística Funcional Centrada no Uso (OLIVEIRA e ROSÁRIO, 2015; CUNHA, 2017). Desse modo, este trabalho se propõe a comparar as três formas abordadas nesta pesquisa para a expressão do aspecto imperfectivo cursivo.  Os dados utilizados são extraídos do Corpus NOW, do site Corpus do Português (www.corpusdoportugues.org). Foram selecionadas 40 ocorrências da construção por alguns instantes, 40 do subtipo gradual, sendo 20 de cada advérbio (gradualmente e progressivamente) e 40 ocorrências com verbos no pretérito imperfeito. A metodologia adotada é quali-quantitativa, portanto, nos importa, também, a frequência de uso de tais construções. Até o presente momento, os resultados evidenciam a diferença entre a duração expressa pelas três construções, além de verificarmos que a construção por alguns instantes quando combinada a verbos durativos intensificam seu valor e quando associada a verbos pontuais os modificam, comprometendo a pontualidade expressada pelo verbo. Os advérbios gradualmente e progressivamente, modificam o valor aspectual da predicação, pois acrescentam a esta um valor gradual, muitas vezes não expresso pelo verbo ou pela perífrase verbal.


 Simone Josefa da Silva (mestrado)

 Título: Propriedades coesivas e semântico-pragmáticas da construção [com isso]

 Descrição:  Este projeto tem como objetivo investigar as propriedades coesivas das construções conectoras de padrão [COM ISSO]conect e sua gradiência semântica a partir de ocorrências reais de uso. Conforme atestam os dados previamente analisados, construções desse tipo pode ser empregada como recurso coesivo quando faz referência a unidades (supra)oracionais, como orações, períodos e, inclusive, parágrafos. Para fundamentar a análise, empregamos os pressupostos teóricos da Linguística Funcional Centrada no Uso (OLIVEIRA e ROSÁRIO, 2016; FURTADO DA CUNHA, BISPO e SILVA, 2013; BYBEE, 2016; TRAUGOTT e TROUSDALE, 2013; entre outros), em diálogo com os estudos de coesão de outras abordagens funcionalistas (HALLIDAY, 1985; HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2014) e da Linguística Textual (FÁVERO, 2004; KOCH, 2003). Inicialmente, como análise amostral, procedemos à investigação de 100 ocorrências da construção [COM ISSO], todas extraídas do Corpus Now, do site O Corpus do Português (www.corpusdoportugues.org). Os resultados preliminares têm-nos mostrado que [COM ISSO]conect estabelece uma relação coesiva híbrida, isto é, tanto referencial quanto sequencial, na medida em que os elementos dessa construção complexa operam duas funções distintas: 1) o pronome demonstrativo isso encapsula conteúdo referencial expresso em porções anteriores do cotexto; 2) a preposição por promove a progressão textual por meio do estabelecimento de relações hipotáticas, que, muitas vezes, extrapolam o escopo do período. Sobre esse último aspecto, cabe ressaltar que, para além da relação entre orações de um mesmo período, a construção [COM ISSO]conect é empregada para estabelecer relações entre porções maiores de texto, como entre diferentes períodos e parágrafos (sendo comum, por exemplo, que o conteúdo a que faz remissão esteja expresso em duas ou mais orações). Paralelamente, os resultados têm apresentado uma vasta gradiência semântica. Além das relações de conclusão, consequência e resumo, recentemente descritas por Marques e Pezatti (2015), os dados analisados têm-nos apresentado alguns outros valores, como resolução, suposição e esclarecimento, por exemplo. Como resultado dessa pesquisa, esperamos mapear a rede das construções [COM ISSO]conect, empregando procedimentos análogos àqueles que temos utilizado para a descrição da construção [POR ISSO]conect.


 Leonardo Maia do Carmo (IC)

 Título:  De intransitivo a transitivo: mudança de transitividade do verbo “cessar” no português brasileiro sob a perspectiva da Linguística Funcional Centrada no Uso

 Descrição:   Este projeto de pesquisa visa à descrição do processo de transitivização do verbo “cessar” no português brasileiro, tradicionalmente considerado uma forma inacusativa, isto é, um verbo intransitivo cujo único argumento é um termo de papel paciente (por exemplo, “a chuva cessou”). Em nossa sincronia, encontramos ocorrências em que esse mesmo verbo, seguido da preposição “com”, apresenta-se em uma forma transitiva, como ocorre no exemplo “os grevistas optaram por cessar com as manifestações”, em que se observa a transferência de uma atividade de um agente para um paciente, de modo análogo ao que acontece nas construções transitivas prototípicas. Assume-se a hipótese de que tal mudança é o resultado de uma construcionalização gramatical (TRAUGOTT e TROUSDALE, 2013), na medida em que tanto uma maior vinculação entre verbo e preposição quanto a diminuição de composicionalidade acarretam uma FORMANOVA-SENTIDONOVO. Vale ressaltar que, embora o estudo da mudança linguística seja, em princípio, diacrônico, esta pesquisa tem perspectiva sincrônica. Sendo assim, paralelamente aos estudos da mudança construcional e da construcionalização propostos por Traugott e Trousdale (2013), recorreremos ao fenômeno da construcionalidade (ROSÁRIO e LOPES, 2017), que se pauta, sobretudo, no conceito de estratificação (HOPPER, 1991), cuja hipótese é a de que a emergência de novos usos não implica necessariamente a obsolescência de usos antigos. Ademais, esta presente pesquisa representa uma continuidade dos estudos da transitivização de verbos inacusativos (LOPES, 2015, 2017), que abordaram a mudança de transitividade dos verbos “acabar”, “sumir” e “desaparecer” em diferentes sincronias e tem como principais objetivos: i) descrever as relações existentes entre a construção transitiva de “cessar” e as outras previamente analisadas por LOPES (2015, 2017) em seus diferentes níveis de esquematicidade; ii) investigar os fatores sociocognitivos e discursivo-pragmáticos implicados na mudança. 


 Ana Beatriz Ventura dos Santos Campos (IC)

 Título:  Relações coesivas e semânticas das construções conectoras [COM ISSO] conect à luz da Linguística Funcional Centrada no Uso.

 Descrição:  Este projeto tem como objetivo investigar as propriedades coesivas das construções conectoras de padrão [COM ISSO]conect e sua gradiência semântica a partir de ocorrências reais de uso. Conforme atestam os dados previamente analisados, tais construções podem ser empregadas como recursos coesivos quando fazem referência a unidades (supra)oracionais, como orações, períodos e, inclusive, parágrafos. Para fundamentar a análise, empregamos os pressupostos teóricos da Linguística Funcional Centrada no Uso (OLIVEIRA e ROSÁRIO, 2016; FURTADO DA CUNHA, BISPO e SILVA, 2013; BYBEE, 2016; TRAUGOTT e TROUSDALE, 2013; entre outros), em diálogo com os estudos de coesão de outras abordagens funcionalistas (HALLIDAY, 1985; HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2014) e da Linguística Textual (HALLIDAY e HASSAN, 1989; FÁVERO, 2004; KOCH, 2003; entre outros). Inicialmente, como análise amostral, procedemos à investigação de 100 ocorrências de [COM ISSO]conect, todas extraídas do Corpus Now, do site O Corpus do Português (www.corpusdoportugues.org). Os resultados preliminares têm-nos mostrado que a construção [COM ISSO]conect estabelece uma relação coesiva híbrida, uma vez que pode ser considerada, ao mesmo tempo, um recurso de coesão sequencial e referencial. Paralelamente, observamos que a construção apresenta gradiência semântica, motivada por questões de ordem discursivo-pragmática.

 

 

 

 

 

 

 

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